Pedradas no charco | 09/3/2018

Pedradas no Charco

 

Não anda bem o rugby português!

O rugby é um desporto tradicionalmente amador, que introduziu o profissionalismo a nível internacional apenas no final do século XX, mas com estruturas muito eficientes, mesmo muito antes do advento do profissionalismo para os jogadores, isto nos países onde a modalidade sempre foi muito popular.

A estrutura do rugby nacional envolve fundamentalmente a FPR, o Conselho de Arbitragem, órgão autónomo, e os Conselhos de Disciplina e de Justiça da FPR.

Obviamente que os jogadores estão inseridos em clubes, e as estruturas dos clubes também farão parte da tal estrutura do rugby nacional.

Todavia, apesar das dificuldades de militância associativa inerentes a todos os clubes, estes, em geral, têm feito o seu trabalho, são a base da captação, formação e desenvolvimento do nosso rugby.

Em Portugal, e de longe, são os jogadores o melhor do nosso rugby!

E que bem andaria se o dirigismo, a arbitragem, mesmo os treinadores, se aproximassem do nível qualitativo e potencial dos nossos jogadores!

E é este fatalismo, de ver, desde há anos, jogadores empenhados e com grande potencial, numa envolvente de gestão deplorável, que me levam a iniciar estas pequenas dissertações.

Que irei continuar, neste espaço, no sentido de poder acordar algumas almas do rugby, competentes, que poderão ajudar a tentar inverter o actual estado das coisas.

E, para um desenvolvimento do rugby em geral, o que falta?

Em primeiro lugar, e fundamentalmente, linhas de rumo!

Em segundo lugar, organização, definição clara dos modelos competitivos, com competência, em diálogo com os clubes, e a resolução eficiente e atempada das questões do dia a dia.

Em terceiro lugar, a divulgação, ou a comunicação, abrangendo o aparecimento nos media, a angariação de sponsors, a valorização de jogadores profissionais noutros países, que representem Portugal na selecção e possam ser uma espécie de bandeira nas grandes competições.

Em quarto lugar, uma arbitragem com bom nível, em que os seus dirigentes falem abertamente com os clubes, excluindo árbitros sem categoria, nomeando para jogos dos escalões jovens árbitros com formação de excelência, que falem com os jogadores, se imponham claramente em situações mais difíceis, simplificando e não protagonizando, como acontece frequentemente.

E formar um conjunto de árbitros de elite, que arbitrem interna e externamente as competições de maior nível.

E pensar que, salvo raríssimas excepções, os árbitros deverão advir de ex-jogadores, e não de cursos para crianças, sendo que estas deveriam antes ser conduzidas para jogar e não, como já vimos, para frequentar escolas de arbitragem.

Pior ainda, só a teoria de pôr árbitros menores a arbitrarem jogos entre menores, ideia peregrina, que só poderá vir a denegrir a imagem do rugby, em caso de acidente, mesmo sem qualquer culpa do menor árbitro.

Em quinto lugar, e por último, uma maior competência dos órgãos disciplinares, talvez conjuntamente com a revisão dos regulamentos, totalmente anacrónicos.

Decisões completamente desprovidas de sentido, baseadas em “verdades” não investigadas nem provadas, com o critério de que palavra de árbitro é palavra de Deus, sem punição mesmo quando comprovadamente mentem ou não fazem o seu dever, não abonam a credibilidade deste nosso rugby.

Que rumo está definido para o rugby nacional?

Não há rumo, as últimas duas gestões federativas não o definiram claramente, uma prejudicou claramente as hipóteses de desenvolvimento, a actual é uma espécie de comissão provisória de gestão administrativa para assegurar as actividades correntes.

E assim vamos, ao sabor da vaga, permitindo mesmo assim que os campeonatos sejam competitivos, face ao trabalho dos clubes, e, de quando em vez, face à qualidade dos nossos jogadores, uns brilharetes internacionais, principalmente nos escalões jovens, onde a equiparação é menos difícil.

Voltarei à estrutura, e a outros temas, espero que contribuam para despertar consciências, se não for possível ficará sempre o barro deitado à parede.

 

TÉCNICO CAMPEÃO NACIONAL DE SUB 18

 

No TÉCNICO, o grande destaque vai para o triunfo no Campeonato Nacional de Sub 18, brilhantemente conquistado.

Grande equipa, excelentes executantes, boas decisões dentro e fora de campo, disciplina, agressividade defensiva e atacante, inteiramente merecido, sem qualquer derrota na “final five” a duas mãos, valorizada pelo excelente nível e grande réplica das outras quatro equipas finalistas, e o corolário do grande trabalho que se tem vindo a fazer na nossa formação nos últimos cinco anos, e bom augúrio para o futuro.

Numa equipa disciplinada, dentro e  fora de campo, um reparo à tentativa do  Conselho de Disciplina da FPR, ao querer “limpar” a incompetência de um pseudo-árbitro e o mau perder de um treinador adversário, bem como aproveitar a nossa ingenuidade, num jogo de equipas B de sub 18, de pretender penalizar “exemplarmente“ um excelente jogador, que cometeu um erro, sim, numa situação anormalmente empolada, transformando uma possível suspensão de uma ou duas semanas numa de sete mese! Felizmente, foi suspensa por órgão alheio à FPR, o que lhe permitiu participar na fase final, mesmo assim não a tempo de integrar a selecção do seu escalão, prejudicando a sua carreira desportiva, e a selecção, no que à mesma diz respeito.

E são dirigentes irresponsáveis que decidem assim, que se candidatam, mas que não assumem as responsabilidades, e que, infelizmente, proliferam na tal estrutura.

Nada sabem, nada fazem, decidem pouco e quase sempre mal.

E, quando quiserem punir, podem continuar a fazê-lo a mim próprio, que tenho as costas largas, e continuarei a dizer, de frente e não mandando recados por ninguém, tudo aquilo que considero errado e incompetente.

 

Taças de Portugal e Selecções Nacionais

 

Até ao final desta época, internamente, esperamos que os nossos seniores se alcandorem à  quinta Taça de Portugal, tendo já atingido a meia final, após boa vitória no jogo dos quartos com o Direito.

Os nossos sub 18 partirão como favoritos para a Taça de Portugal, mas terão que o justificar dentro de campo.

Os nossos sub 16 têm também a possibilidade de mostrar na Taça que têm excelente equipa, assim o queiram.

Internacionalmente esperamos que seja possível um esforço suplementar para permitir à nossa selecção principal acalentar esperança numa possível ida ao Campeonato Mundial, e também desejamos a melhor sorte para as selecções de sub 18 e sub 20 nos seus Campeonatos da Europa.

 

Pedro Lucas

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